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Surrealismo

  O Surrealismo é um movimento artístico e literário surgido na França na segunda década do séc. XX. O termo havia sido cunhado por G. Apollinaire em 1917, significando "o que está acima do realismo". Sendo assim tenta superar os limites impostos à imaginação pelo pensamento lógico burguês e pelas concepções do Renascimento. O Surrealismo defendem então, a liberdade e a forma particular do indivíduo de interpretar o mundo, desprendido do predomínio da razão. O surrealismo surge no princípio dos anos vinte de um grupo de poetas liderados por André Bretón, procedentes do dadaísmo (movimento artístico e literário, aparecido na França em 1.916, que preconizava a volta a um primitivismo infantil). É assim um movimento artístico de vanguarda surgido na França que buscava a exteriorização, lingüística ou plástica da espontaneidade e depurações de ordem racional ou moral. Opondo-se ao impulso anárquico de destruição proposto pelos dadaístas, o surrealismo pretendeu definir uma prática artística alternativa à tradicional. Traz com ele o propósito utópico comum a todos os movimentos vanguardistas:" um homem novo em uma sociedade nova".  Em 1.924, André Breton, ao publicar seu primeiro manifesto do surrealismo, propôs aos artistas e escritores para que expressassem o pensamento de maneira livre, espontânea e irracional, externando os impulsos da vida interior, sem exercer sobre ele qualquer controle, inclusive de ordem estética ou moral.  Segundo André Breton, "Surrealismo é o automatismo psíquico puro pelo qual se propõe expressar, verbalmente, por escrito, ou de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento.  O pensamento é ditado com ausência de qualquer outro exercício da razão, a margem de toda preocupação com estética ou moral. Em outras palavras: existe outra realidade, tão real e lógica como a exterior, que é a dos sonhos, da fantasia, dos jogos espontâneos do inconsciente que se desenvolve a margem de toda a função filosófica, estética ou moral. , o movimento pretendeu superar a realidade fragmentária e falsa apresentada pela nossa lógica, nossa moral e nossa estética rígida, para chegar a uma realidade superior. Propõe-se assim a afastar o que é convencional e fazer surgir a parte do homem que menos se expressa: o subconsciente.

Manifestações nas Artes

 

ARTES PLÁSTICAS

A pintura pode ser considerada a principal manifestação artística do surrealismo. Rejeitada como meio de representação do mundo concreto ou da emoção do artista, ela deve expressar o inconsciente. O movimento divide-se em duas vertentes. Uma mantém o caráter figurativo, mas produz formas inusitadas com a distorção ou justaposição de imagens conhecidas. Um exemplo é A Persistência da Memória, de Dalí. Em um espaço representado convencionalmente, relógios parecem estar se derretendo. Os artistas da outra vertente radicalizam o automatismo psíquico, para que o inconsciente se expresse livremente, sem controle da razão. Entre os expoentes estão Miró e Ernst. As telas de Miró caracterizam-se por composições de formas coloridas construídas com linhas fluidas e curvas, como em O Carnaval de Arlequim e A Cantora Melancólica.

Principais artistas 

Salvador Dali - é, sem dúvida, o mais conhecido dos artistas surrealistas. Estudou em Barcelona e depois 
em Madri, na Academia de San Fernando. Nessa época teve oportunidade de conhecer Lorca e Buñuel. Suas primeiras obras são influenciadas pelo cubismo de Gris e pela pintura metafísica de Giorgio De Chirico. Finalmente aderiu ao surrealismo, junto com seu amigo Luis Buñuel, cineasta. Em 1924 o pintor foi expulso da Academia e começou a se interessar pela psicanálise de Freud, de grande importância ao longo de toda a sua 
obra. Sua primeira viagem a Paris em 1927 foi fundamental para sua carreira. Fez amizade com Picasso e Breton e se entusiasmou com a obra de Tanguy e o maneirista Arcimboldo. O filme O Cão Andaluz, que 
fez com Buñuel, data de 1929. Ele criou o conceito de “paranóia critica“  para referir-se à atitude de quem recusa a lógica que rege a vida comum das pessoas .Segundo ele, é preciso “contribuir para o total descrédito da realidade”. No final dos anos 30 foi várias vezes para a Itália a fim de estudar os grandes mestres. Instalou seu ateliê em Roma, embora continuasse viajando. Depois de conhecer em Londres Sigmund Freud, fez uma viagem para a América, onde publicou sua biografia A Vida Secreta de Salvador Dali (1942). Ao voltar, se estabeleceu definitivamente em Port Lligat com Gala, sua mulher, ex-mulher do poeta e amigo Paul Éluard. Desde 1970 até sua morte dedicou-se ao desenho e à construção de seu museu. Além da pintura ele desenvolveu esculturas e desenho de jóias e móveis


Surrealismo, Principais representantes

 

 

 

O movimento surrealista teve as mesmas origens do Dadaísmo, surgindo em outubro de 1924 com a publicação do Manifesto Surrealista pelo francês André Breton. O panorama na Europa era de Fim da Primeira Guerra Mundial: um mundo que criava a guerra e matava a alegria não merecia a arte, e sim uma anti- arte. Por isso ridicularizava os aparelhos de defesa da sociedade tais como a polícia, a justiça, a religião, a medicina e a educação, tendo como principal arma o humor. Contra o racionalismo e a lógica, o termo Surrealismo foi tomado da obra de Apollinaire, e significava uma "arte que ultrapassava as aparências, desobrigada da fidelidade para com o real". Se desenvolveu tanto na poesia quanto nas artes gráficas, não tendo nenhuma preocupação com a estética ou a moral. Buscava uma realidade superior em formas até então negligenciadas: o sonho, as idéias e demais manifestações de atividade mental. Para isso, se baseou na obra de Froid e Jung e seus estudos sobre a psicanálise, o inconsciente e a loucura. No entanto, não queria mudar o mundo, e sim a "mudar vida". Não era preciso destruir as artes anteriores, a meta era adentrar no pensamento e subconsciente humano deixando-o transparecer. E isso se deu de duas maneiras: com o automatismo (a fixação de imagens oníricas e do subconsciente de maneira natural, representada por uma arte mais abstrata) e com o surrealismo simbólico (que já tenta objetivar seu mundo interno através de imagens inteligíveis). Os principais representantes do Surrealismo foram: Giorgio De Chirico, Max Ernst, Joan Miró, René Magritte, Salvador Dali, Marc Chagall, Pablo Picasso, Marcel Duchamp, Paul Klee, André Masson, Hans Arp, Francis Picabia, Man Ray, Kurt Schwitters e Yves Tanguy. No cinema, destaca-se o nome do espanhol Luís Buñuel e no Brasil deu origem ao movimento antropofágico de Oswald de Andrade.


 

Surrealismo EXEMPLOS

 

 

CINEMA

Os filmes não revelam preocupação com enredo ou história. As imagens expressam desejos não racionalizados e aversão à ordem burguesa. Buñuel, em parceria com Dalí, faz Um Cão Andaluz (1928) e L''Âge D''Or (1930).

TEATRO

O surrealismo serve de base para que Artaud elabore seu teatro da crueldade. Poeta, dramaturgo, diretor e ator francês, ele tem como proposta despertar as forças inconscientes do espectador, para libertá-lo do condicionamento imposto pela civilização. Não há separação rígida entre palco e platéia. Parte de sua teoria está exposta no livro O Teatro e Seu Duplo (1938). A montagem mais representativa é a do texto Os Cenci (1935), sobre uma família italiana do Renascimento. Nos anos 40 e 50, os princípios do surrealismo influenciam o teatro do absurdo.

 

 


Surrealismo, autores brasileiros influenciados, Ismael Nery

Não tenho sido na vida senão um ator sem vocação. Ator desconhecido, sem palco, sem cenário, sem palmas'. Assim foi Ismael Nery, em quem a inquietação e a angústia conviveram lado a lado a uma preocupação essencial com o amor e a comunicação entre os indivíduos. Foram muitas as suas dicotomias, todas expressas em sua arte, que abrangeu poesia, pintura e desenho. Ao contrário de Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral e Vicente do Rego Monteiro, entre outros modernistas que voltaram-se para a louvação do nacional, do regionalismo, dos temas indígenas e afro-brasileiros, Ismael não se ateve a grupos e dedicou-se a expressar o universal, sempre através da figura humana, em retratos, auto-retratos e nus. Mas não deixou o espírito brasileiro de lado. Pode-se identificá-lo em inúmeros personagens do pintor por mais universais ou atemporais que sejam, como em quadros com personagens negros, trajados ao estilo dos malandros cariocas ou com roupas tipicamente brasileiras. Em sua obra, relativamente pequena, com cerca de cem óleos e aproximadamente um milheiro de aquarelas, guaches e desenhos, pode-se distinguir três fases: a expressionista, que vai de 1922 a 1923; a cubista, de 1924 a 1927 e a surrealista, de 1927 ao fim da vida. As duas primeiras fases, consideradas as mais fecundas artisticamente, foram influenciadas por Picasso, enquanto que a terceira, fruto do contato com a obra de Chagall e outros surrealistas, elevou Nery ao status de precursor do surrealismo no Brasil. Além de ser pintor e desenhista, Nery buscou sempre novas técnicas, que aplicava com destreza em desenhos e ilustrações de livros. Atuou também como cenógrafo, e é correto afirmar que sempre esteve receptivo às correntes artísticas modernas mantendo, no entanto, características próprias. Paraense, nascido a 9 de outubro de 1900, Ismael Nery muda-se para o Rio de Janeiro no ano da morte de seu pai, 1909. Ao completar 18 anos, começa a estudar na Escola Nacional de Belas Artes (Enba) onde, como tantos grandes talentos, era um aluno rebelde. Acaba deixando a Escola, mas mesmo assim, dois anos depois, em 1920, viaja para a Europa, especialmente França e Itália, e estuda na Academia Julien, de Paris, e na Escola de Arte. Lá, deslumbra-se com a história artística do Velho Mundo e com os mestres do passado, chegando a pensar, após ter contato com as obras de Ticiano e Tintoretto, por exemplo, que era inútil pintar. Quando retorna ao Brasil, em meio à ebulição cultural de 1922, passa a pintar e desenhar com maior freqüência e intensidade. No mesmo ano, une-se à poetisa Adalgisa Ferreira, que seria reconhecida nacionalmente com seu nome, como Adalgisa Nery. Dessa união, que durou até a morte do pintor, nasceram dois filhos. Por outro lado, como sua pintura não atraía o público, Ismael tinha que ter uma forma de se sustentar. Se torna, então, funcionário público, começando a trabalhar como desenhista de arquitetura no Patrimônio Nacional do Ministério da Fazenda. No Ministério, conhece o poeta Murilo Mendes, que se tornaria seu grande amigo e, mais tarde, nos anos 60, seria o responsável pelo ressurgimento de sua obra. Murilo integrou o pequeno círculo de amigos que conseguiu compreender a arte de Ismael. Por conta disso, foi um grande incentivador de sua obra, escrevendo artigos sobre o amigo, mas estes também surtiam pouco ou nenhum efeito. Nery era, ainda, inovador demais para a sociedade em que se encontrava.

Surrealismo, autores brasileiros influenciados, Cícero Dias

Artista brasileiro de grande renome internacional, Cícero Dias combina as mais genuínas tradições pernambucanas com a essência universal da arte. Sempre adotando posições vanguardistas, participa do movimento modernista brasileiro, aproxima-se do surrealismo e é um dos pioneiros dos Abstracionismos no pós-Segunda Guerra. Utilizando-se das cores tropicais, inspiradas pelo "verde canavial", "vermelho sangue-de-boi" e "azul céu sertanejo", ficou conhecido desde cedo como o "Pequeno Chagall dos Trópicos". Sua obra prima principalmente pela combinação inusitada de elementos aparentemente contraditórios, que são dispostos pelo artista de forma única e original.

Neto de senhor de engenho, Cícero passa a infância descobrindo a vida na terra, as brincadeiras e os sonhos de criança. Ainda menino, vai estudar em Recife; mas é no Rio de Janeiro, onde está a partir de 1920, que o pintor começa a ter contato com o movimento modernista. Estuda arquitetura por três anos, trocando este ofício pela pintura em 1928, ano em que realiza sua primeira exposição. Embora não tenha participado da Semana de 22 devido a sua pouca idade, Cícero é logo reconhecido como membro do grupo, recebendo elogios de nomes como Di Cavalcati, Ismael Nery, Murilo Mendes, Oswald de Andrade, entre outros. Em seus primeiros trabalhos, o pintor é tido como pioneiro do surrealismo no Brasil, mesmo sem ter recebido influência direta deste estilo, principalmente pela abordagem do universo da juventude, como as paixões, o carnaval e o sonho. Em 1929, juntamente com Gilberto Freyre e Manuel Bandeira, organiza em Recife o I Congresso Afrobrasileiro, evento comparado ao de 22 pela sua repercussão, consolidando o movimento modernista em Pernambuco. Dois anos mais tarde, participa também do I Salão de Arte Moderna, ao lado de Lúcio Costa, onde causa enorme polêmica com o painel "Eu vi o mundo... Ele começava no Recife". Devido as cenas de nudez e erotismo, esta obra foi parcialmente depredada pelo público. 


Surrealismo, recepção crítica

O surrealismo tenciona apresentar a realidade interior e a realidade exterior como dois elementos em processo de unificação, e nisto está sua capacidade de passar do estático para o dinâmico, de um sistema de lógica a um modo de ação, o que é uma característica da dialética marxista. O cinema se revelou como o instrumento ideal para a conquista da supra-realidade, pois a câmera é capaz de fundir vida e sonho, o presente e o passado se unificam e deixam de ser contraditórios, as trucagens podem abolir as leis físicas, etc.

Quando Buñuel apresentou, em Paris, O Anjo Exterminador (1961), o exibidor lhe solicitou que escrevesse alguma coisa para colocar na porta da sala de exibição. Buñuel rabiscou o seguinte: "A única explicação racional e lógica que tem este filme é que ele não tem nenhuma". Noutra ocasião, ao ganhar o Leão de Ouro de Veneza por A Bela da Tarde (Belle de Jour, 1966), lhe perguntaram o significado da caixinha de música que um japonês carrega quando no quarto com Catherine Deneuve. O cineasta respondeu que não sabia. Assim, o espectador não pode racionalizar dentro de determinada lógica nos filmes surrealistas. É claro que os significados existem, amplos, dissonantes e insólitos. E por que os convidados aristocráticos de O Anjo Exterminador, ainda que não haja nenhum obstáculo que lhes impeçam de sair, não conseguem evadir-se da mansão? Um recurso surreal para a análise da condição humana, um laboratório criado para se investigar pessoas numa situação-limite.

A ambigüidade do termo surrealismo pode sugerir transcendência, predomínio da imaginação sobre a realidade. Seria pura imaginação de Séverine sua ida ao bordel todas as tardes? A rigor, isso não importa, A significação é mais ampla, conecta-se mais ao discurso do modo de tradução do real. O surrealismo pretendia um automatismo psíquico que expressasse o funcionamento real do pensamento. Você, caro leitor, às vezes não tem pensamentos indesejáveis? É o inconsciente. Assim, e isto é muito importante, o domínio do surrealismo é o que acontece na mente humana antes que o raciocínio possa exercer qualquer controle. O papa surreal André Breton dormia com um caderno em cima do criado mudo para anotar os seus sonhos, chamando, tal comportamento, de escrita automática.O automatismo provocado pelo surrealismo implica numa transfiguração anárquica do mundo objetivo, cujo efeito imediato é o riso. Mas o humor, aqui, é uma nova ética destinada a sacudir o jugo da hipocrisia. E o sonho é encarado como uma revelação do espírito, sendo afirmada a sua riqueza sob o duplo ângulo da psicologia e da metafísica. Para chegar à consciência integral de si próprio, o homem tem de decifrar o mundo do sonho, pois deixá-lo na obscuridade representa uma mutilação do nosso ser.

Un Chien Andalou e L'Âge d'Or procuravam, pois, o homem integral, "buscando a recuperação total de nossa força psíquica por um meio que representa a vertiginosa descida para dentro de nós mesmos, a sistemática iluminação de zonas ocultas", como consta do manifesto de Breton. Neles têm um papel saliente o grotesco, o cruel, o absurdo, tudo com um sentido de revolta e solapamento.Segundo Breton, qualquer divisão arbitrária da personalidade humana é uma preferência idealista. Se o propósito é o conhecimento da realidade, devemos incluir nela todos os aspectos de nossa experiência, mesmo os elementos da vida subconsciente. Essa é a pretensão do surrealismo, movimento artístico que abrangeu além da pintura, escultura e cinema, também a prosa, a poesia, e até a política e a filosofia.

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Observe agora algumas pinturas do russo Vladmir Kush e compare com a propaganda acima, veja que o comercial da Coca-Cola possui uma fotografia e uma composição de cores muito semelhante as pinturas do russo. Além do predomínio onírico na propaganda e a manifestação do inconsciente na estética.